terça-feira, 23 de junho de 2009

Sobre formar jornalistas (II)

Confesso pra vocês que não lembro porque cargas d'água eu assinalei a opção "jornalismo" quando eu fiz vestibular. Juro, não lembro. Sou super envergonhada pra falar com estranhos, super insegura pra expor minha opinião, minhas notas em português não chegavam a 10, mas com certeza eram melhores que as de química, física e matemática.

Mas a escolha foi feita. Veio o vestibular, o listão, a matrícula e lá vamos nós.

Entre dúvidas, quase desistência, etc, etc, já foram quase seis anos. Gente... SEIS ANOS! Todo esse tempo eu investi em algo que, confesso, ainda não tenho certeza se vou seguir quando formada. E não foi só dinheiro, foi tempo, foi estudo, foi muita coisa. E passei todo esse período reclamando muito. Reclamando da qualidade do curso, dos colegas, dos professores, de tudo. Tudo era motivo pra descontentamento. (Ou seria rabugice da minha parte?) Sempre achei a maior várzea do mundo. Digo até hoje que desaprendi a estudar na faculdade de jornalismo. Muita coisa foi levada "nas coxas", outras tantas faltou empenho da minha parte e vontade de alguns professores.

Ano passado ou retrasado, nem lembro mais, em uma aula de radiojornalismo, recebi um texto - se não me engano do Eduardo Meditsch - daqueles gigantes, que não dá vontade de ler e entender. Mas fiz um esforço. Li e reli umas três vezes. Só ali eu percebi a importância do jornalismo. A carga de responsabilidade que um profissional desses tem: o compromisso social em apurar e relatar fatos com veracidade e de uma forma universal de entendimento. Parece pouco, mas não é não. Novamente, com o argumento de que eu não sirvo pra isso, que é muita pressão, é muita coisa pra minha pobre cabeça, etc, etc, ameacei largar o curso pela 298372187356ª vez. Mas, com o mesmo e antigo argumento de que eu não sabia o que fazer, continuei.

Hoje faltam apenas 15 cadeiras para eu conseguir meu diploma. Ou seja: minha incerteza só piorou. Com a decisão tomada pelo STF na última quarta-feira, decretando a não-obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão, fiquei confusa. E agora, José? Ou melhor, Gilmar? Afinal de contas... esse pedaço de papel que eu estou buscando serve pra alguma coisa?

Olha... primeiro que, olhando pra trás, não é só o pedaço de papel. A formação que eu tive, mesmo que em determinados momentos a instituição foi falha e a minha busca rasa, não foi em vão. Ora veja, estou até tomando partido em algo! Saí de cima do muro e estou dizendo: quero que esse diploma tenha um valor, tenha um diferencial.

Sei que isso irá contar de qualquer forma no mercado. Sei também que a competência do profissional vale mais (porque todo mundo sabe que temos analfabetos funcionais com o diploma pendurado na parede). Mas abrir esse mercado - que já está saturado - acaba piorando a situação que já vivemos hoje: a do compromisso com a informação correta e com a forma que é passada. Regulamentar o exercício da profissão já era difícil. Agora, acredito que vai piorar nessa "terra de ninguém".

Ainda não sei se vou exercer a profissão. Mas se isso ocorrer, com certeza sei como. E mesmo com todas as falhas no ensino - um outro assunto a ser discutido - posso dizer que devo muito disso à faculdade, aos professores e aos colegas. Até porque, a gente aprende não só o bom como o mau jornalismo. E aí sim, vai da ética de cada um.

O assunto é extenso e acabei não colocando nem metade do que queria expor. Há muitas divergências, excessões e etc que outra hora talvez eu coloque aqui. Mas por enquanto a discussão continua e a manifestação também.

Sobre formar jornalistas (I)

Tá rolando agora no MTV Debate uma discussão sobre o diploma de jornalismo.

Depois, faço minhas considerações.

Até!

segunda-feira, 22 de junho de 2009